sexta-feira, 8 de maio de 2009

Destino


Quem disse à estrela o caminho

Que ela há-de seguir no céu?

A fabricar o seu ninho

Como é que a ave aprendeu?

Quem diz à planta «Florece!»

E ao mudo verme que tece

Sua mortalha de seda

Os fios quem lhos enreda?



Ensinou alguém à abelha

Que no prado anda a zumbir

Se à flor branca ou à vermelha

O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,

Teus olhos a minha vida,

Teu amor todo o meu bem...

Ai!, não mo disse ninguém.



Como a abelha corre ao prado,

Como no céu gira a estrela,

Como a todo o ente o seu fado

Por instinto se revela,

Eu no teu seio divino .

Vim cumprir o meu destino...

Vim, que em ti só sei viver,

Só por ti posso morrer.

iN:Folhas caídas. 2 ed. Mem-Martins : Europa-América,1849

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