sábado, 31 de janeiro de 2009



A frase dispensa comentarios...

Imagem original: google.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tomografia


ninguém imagina
que sou deprê, tenso,
e trago uma dor
constante, no peito.

ninguém desconfia
que sofro de insônia,
que sou muito louco
de excesso de sonho.

ninguém acredita
que eu guardo uma surda
tristeza, lá dentro.
tão forte, tão funda.

porque eu levo um riso
debochando sempre
do que me tortura

e bem escondidas
de mim e do mundo
as marcas das feridas

e das fraturas.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009


Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que NADA!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que NADA!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009


E agora, Setembrino?
O açúcar acabô, o fubá se foi
As criança cum fome, só dorme no tapa,
E Vancê me vem cum fala imbolada
Dizê qui Deus vê tudinho?
Vancê num acha que Ele ta sofrendo das vista?

Messody Ramiro Benoliel

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Prosa...?


“Escrever, traduzir o pensamento, harmonizar as palavras, criar imagens através delas, fazê-las soar bem facilitando a leitura e compreensão, acertar o ritmo, o tempo, o som. Escrever pensando em ser lido e compreendido, sem o suor do leitor, eis uma arte rara, não por que difícil, mas porque tem que ser desenvolvida, trabalhada, afinada. Comunicar com precisão facilita muito a vida. Comunicar com beleza é o máximo!”

Caetano Nucci

comunicar é deveras... essencial! mas muitas vezes sou adepta do... cega, surda e muda! Sem duvida é a melhor das opcoes! rsrrs

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Amor América



Antes de la peluca y la casaca
fueron los ríos, ríos arteriales;
fueron las cordilleras, en cuya onda raída
el cóndor o la nieve parecían inmóviles;
fue la humedad y la espesura, el trueno
sin nombre todavía, las pampas planetarias.
El hombre tierra fue, vasija, párpado
del barro trémulo, forma de la arcilla;
fue cántaro caribe, piedra chibcha,
copa imperial o sílice araucana.
Tierno y sangriento fue, pero en la empuñadura
de su arma de cristal humedecida,
las iniciales de la tierra estaban
escritas.
Nadie pudo
recordarlas después: el viento
las olvidó, el idioma del agua
fue enterrado, las claves se perdieron
o se inundaron de silencio o sangre.

No se perdió la vida, hermanos pastorales.
Pero como una rosa salvaje
cayó una gota roja en la espesura,
y se apagó una lámpara de tierra.
Yo estoy aquí para contar la historia.
Desde la paz del búfalo
hasta las azotadas arenas
de la tierra final, en las espumas
acumuladas de la luz antártica,
y por las madrigueras despeñadas
´de la sombría paz venezolana,
te busqué, padre mío,
joven guerrero de tiniebla y cobre,
o tú, planta nupcial, cabellera indomable,
madre caimán, metálica paloma.

Yo, incásico del légamo,
toqué la piedra y dife:
Quién
me esper? Y apreté la mano
sobre un puñado de cristal vacío.
Pero anduve entre flores zapotecas,
y dulce era la luz como un venado,
y era la sombra como un párpado verde.

Tierra mía sin nombre, sin América,
estambre equinoccial, lanza de púrpura,
tu aroma me trepó por raíces
hasta la copa que bebía, hasta la más delgada
palabra aún no nacida de mi boca.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Enigma


sou este ponto de espanto
no entra-e-sai – no vai-e-vem
metade de mim é quando
a outra metade é quem

parte em mim é desespero
outra parte desencanto
só sei ser múltiplo inteiro
quando eu amo – quando eu canto

tento juntar os pedaços
passos, pessoas, passado
não sei onde estão meus rastros
meu retrato mais exato

entre estes cacos e restos
nem perfil nem biografia
se me perdi nos meus versos
um dia viro poesia

sábado, 24 de janeiro de 2009

A riqueza sem preço de Belém



Na fronteira do capitalismo moderno, uma cidade amazônica subsiste longe dos olhos do turismo
"Menina, coma a goma! Ela é boa porque forra o estomago e protege do ácido do tucupi. E olha que eu não coloquei muita para você..." Desse modo, entre medicinal e maternal, a senhora procura convencer a turista de que o tacacá deve ser consumido do modo como foi apresentado, sem aquelas simplificações que sempre se procura impor às comidas regionais, como ao vatapá baiano, hoje já feito na versão "para paulista". Mas, ao contrário do comedimento da pimenta baiana, em Belém a gosma da goma é uma proteção, um antídoto contra qualquer excesso que já vem incluído na iguaria.
Criada em 1621 por Felipe III da Espanha, a capitania do Gram-Pará Maranhão, tendo passado por subdivisões em 1755, só veio a se integrar de fato ao Brasil na Independência, em 1822. Daí em diante suas rendas deveriam ajudar a sustentar a burocracia da corte em território brasileiro Mas ali, ainda durante o século 19, falava-se a "língua geral" que os jesuítas, expulsos pelo Marquês de Pombal, improvisaram num misto de português e tupi. Talvez por essa história ainda se tenha a estranha sensação de que o Brasil está de costas para o Pará, assim como o Pará está de costas para o Brasil. Nenhum parece depender do outro.
De fato, é um destino longínquo. Custa tanto ir a Belém quanto a Paris. Para um turista do Sul ou do Sudeste, só o raciocínio utilitário suscitado pelo uso de milhagem aérea doméstica aponta em direção ao Pará. E, claro, um certo apelo moderno pelo "exótico" ajuda a vislumbrar ali a valorizada Amazônia.
Manaus é a "capital real" da Amazônia, devorada pela lógica mercantilista da sua zona franca. Belém é a "capital ideal" da Amazônia, ainda não totalmente afetada pelo capitalismo transnacional. Ali, o isolamento histórico é uma virtude notável.
Apesar das ruas largas, cujo traçado no início do século 20 mostra uma mesma influência francesa que se fez sentir também no Rio de Janeiro, Belém é uma cidade que não esconde sua feição antiga.
Os casarões coloniais, muitos em fase de restauração, não foram destruídos até agora pela voragem imobiliária. Galos cantam em sinfonia de madrugada, em pleno coração da cidade. As avenidas arborizadas com mangueiras remetem a um tempo em que certamente não havia carros como hoje, mas nem por isso foram arrancadas como seriam árvores paulistanas que atrapalham o trânsito. Ao contrário, o capitalismo teve que se adaptar: há seguros de veículos com cláusula de danos provocados por mangas..
O comércio de frutas locais nas ruas, além da marginalidade que todo tipo de camelô exprime, revela uma economia de subsistência tentacular, que une locais distantes às margens do grande rio ao núcleo urbano. Os gadgets chineses ainda não têm a mesma importância que as frutas da época.
O rio preside a cidade. Há um esforço para voltar a expansão urbana para o traçado do rio Guamá, como se a civilização devesse seguir sempre os caprichos da natureza. Novas avenidas são desenhadas, dando a direção dos negócios imobiliários, onde começam a surgir condomínios modernos, guetos de classe média. Ainda que haja uma "miamização" da orla, talvez ela não pressione a cidade de forma tão destrutiva como ocorre com outras cidades, pois aponta no sentido de uma zona de escape sobre territórios novos. O rio dirige e limita.
Nos próximos anos, 5 mil novos leitos hoteleiros de quatro e cinco estrelas serão disponíveis na cidade, onde hoje existe quase nada. O aeroporto já está dimensionado para o futuro. A restauração de locais forjados para a visitação turística, que até dois, três anos atrás não ocupavam mais de um dia do visitante, hoje já podem preencher de três a quatro dias. Não há dúvida: o boom turístico acontecerá em breve.
Ao contrário de destinos como os do litoral nordestino, que oferecem sol o ano todo, Belém oferece chuva o ano todo. Meses nos quais chove todo dia alternam-se como outros, nos quais chove o dia todo -brincam os habitantes da cidade. Este "clima de Macondo", que Garcia Márquez imortalizou, é a marca da Amazônia. Mas, além de se molhar à beça em qualquer trajeto que se faça por mais de uma hora a pé, o visitante se depara com outros ineditismos.

A cozinha que sai da água


Se fosse possível definir em poucas palavras a cozinha paraense, teríamos que nos entregar às metáforas aquáticas. As coisas saem da água, do brejo, da beira-rio, para mergulhar em alguma espécie de caldo saboroso ao qual em geral se acrescenta, como "terra firme", um tanto de farinha de mandioca.
A culinária gira em torno do rio e dos caldos; como a cidade de Belém, em cujo horizonte sempre se vê uma nesga do Guamá. É uma cozinha palafitada, onde nem se quer os limites entre o rio e o mar são muito claros, conforme mostrou o recente episódio de uma baleia que foi encontrar o seu fim mais de 100 km longe do mar; como a deliciosa pescada amarela que, sendo um peixe comum a todo o litoral brasileiro, só encontra um sabor excepcional em Belém, talvez graças à água doce na qual transita e se alimenta antes de mergulhar nas panelas.
Um panorama vivo dessa cozinha é dado por uma visita ao Mercado Ver-o-peso. Mesmo sucessivas reformas não foram capazes de descaracterizá-lo, como aconteceu ao Mercado Municipal de São Paulo ou, mais remotamente, ao Mercado Modelo de Salvador, onde sequer deixaram frutas e legumes como décor...
A onda de "refuncionalização" dos mercados parece ter preservado poucos destes no mundo. O Boqueria, em Barcelona; o Ver-o-peso, em Belém, são exemplos que escaparam com vida. A "refuncionalização" dos Armazéns das Docas do porto de Belém, bem ao lado do mercado, salvou-o, e pode-se dizer que a sua última reforma até o melhorou, em termos de higiene. Uma sorte danada.
Frutas in natura e em polpa, farinhas em enorme variedade, peixes, ervas, mezinhas, galinhas caipiras em pé, para abate; alguns exemplares de orquídeas amazônicas; quase tudo alheio ao turista, mostrando que o impulso dessa economia quase nada deve aos de fora -em geral alemães, americanos e franceses, mais do que brasileiros. É uma realidade tão pouco óbvia que, em geral, exige um intérprete. Como Paulo Martins.
Com a aparência física que beira a de um guru indiano, Paulo Martins é um pioneiro. Há mais de 20 anos sua família possui o restaurante "Lá em Casa", agora definitivamente sob sua direção após a morte recente de sua mãe, Anna Maria. Em meio ao caos que é a "cozinha paraense", esse restaurante se dedica a fixar um menu que possa ser reconhecido como "regional" não só pelos guias de turismo mas em qualquer parte do mundo.
Fazer uma ementa é essencialmente discriminar, incluir e excluir, firmando a visão do todo. Maniçoba, feijão manteiguinha de Santarém, várias farofas aproveitando a enorme diversidade de farinhas de mandioca, caldeiradas, tucupi, pato; peixes como o filhote, a pescada amarela, o tambaqui, o pirarucu e o tucunaré; o jambu com sua sensação "elétrica" na boca; frutas como o bacuri e a taperebá -tudo isso expressa opções que deixam de lado coisas igualmente interessantes para o investigador gastronômico mas que, no conjunto, apresentam o risco de desenraizar por completo o turista, atirando-o num abismo sem fundo.
Paulo busca criar um solo firme para a culinária local, eis o seu pioneirismo. Também por isso pagou do próprio bolso estudos que permitiram a descrição e tipificação do tucupi, em fase de registro oficial. Ele pretende criar o tucupi "DOC" e exportá-lo, ganhando o mundo com esse produto que, hoje, só aparece na alta gastronomia através de pratos elaborados por Alex Atala, em São Paulo, ou em ensaios dos modernos espanhóis.

A viagem gastronômica de Adrià


Paulo Martins está por trás de muita coisa que Alex Atala faz. Por isso, 2008 promete ser um ano decisivo, estratégico. Ferran Adrià deverá vir ao Brasil e, dentre suas exigências, figura uma estada com Paulo Martins em breve viagem de exploração gastronômica pelo rio Amazonas. O Brasil, desde 1500, se descobre de fora para dentro. Mas parece que isso já começou, e Paulo Martins, que cultiva velha relação com Adrià, sabe disso muito bem.
Fica-se sabendo, à boca pequena, que o "aerolula" já fez "escala técnica" em Belém só para recolher umas porções de picadinho de peixe de Paulo Martins para recepção oficial. Paulo Martins não confirma nem desmente. Prefere lembrar que, em breve, irá fazer um dos seus jantares em Beirute, e que já recusou fazer o mesmo nos Estados Unidos, pois não se dispõe a ir a Brasília fazer entrevista na embaixada americana para obter o necessário visto. "Se eles me convidam, deviam saber se eu posso ou não entrar nos Estados Unidos, não é?" Tem sua lógica.

Um museu da riqueza amazônica


Nua e crua, a biodiversidade é um tema chatíssimo. Coisa de ONG, não da gente. Mas quando se visita o Museu Emílio Goeldi, a abstração se desfaz em tantas materializações que ganha outro significado. Aquele péssimo desenho da vitória-régia, ou aquela foto aguada dos livros de geografia, cedem lugar para algo realmente exuberante neste quadrilátero de Belém que existe como instituição científica desde pelo menos 1820.
A fundação do Museu visava criar uma base local para coleções de flora e fauna, além de etnográfica, procuradas de forma crescente desde as viagens dos naturalistas pioneiros, como a conhecida dupla Spix e Martius.
Em vez de só se coletar espécimes que integrariam coleções de museus europeus, por que não constituir no Brasil um museu que desse uma idéia dessa riqueza amazônica? Assim, a formação do museu e a designação, pelo imperador, do suíço Emílio Goeldi para dirigi-lo, estão na raiz do nascimento das ciências naturais no Brasil. O melhor da cerâmica marajoara e tapajônica; espécimes raríssimos da nossa flora (como arvores frutíferas provenientes do alto Rio Negro), um zoológico pequeno e expressivo, encontram-se no Museu Goeldi. Lá a velha legenda dos livros escolares -"Anta ou tapir"- se corporifica.
Com uma história, cheia de altos e baixos, semeada de abandonos e retomadas, está há pelo menos uma década em boa fase, graças às administrações de Peter Mann e Ima Vieira. Prova disso é a sua linha editorial, onde surgem coisas importantíssimas, como a edição anotada de um texto setecentista de Antonio Giuseppe Landi1.
Publica-se coisas raríssimas, preciosas, em edições que logo se esgotam. Como um livro sobre frutas comestíveis da Amazônia, do recém falecido botânico Paulo Cavalcante. É uma cultura à parte, só acessível para as pessoas antenadas nas instituições científicas, ainda que possam ser de interesse bem mais amplo.
O museu é o principal foco de visitação dos estrangeiros em Belém. É uma maravilha muito mais maravilhosa do que o Cristo Redentor do Rio de Janeiro; escondida, sequer foi a votos dos que escolheram a obviedade carioca. Nem mesmo as empresas adeptas da Lei Rouanet descobriram o manancial de possibilidades que o Museu Goeldi encerra. Assim é Belém. Um recôndito de nós mesmos, uma dignidade insuspeita, uma fronteira do capitalismo moderno, uma riqueza ainda sem preço.



O texto acima foi escrito por Carlos Alberto Dória tendo sua primeira publicação em 14/1/2008. Carlos Alberto Dória é sociólogo e doutor em sociologia no IFCH-Unicamp. Autor de "Ensaios Enveredados", "Bordado da Fama" e "Os Federais da Cultura", entre outros livros e também "Estrelas no Céu da Boca - Escritos Sobre Culinária e Gastronomia" (ed. Senac).

Foto: Luis Braga.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

MARTE x VÊNUS



Nunca tinha entendido por que as necessidades sexuais dos homens e das mulheres são tão diferentes.Nunca tinha entendido tudo isso de Marte e Vênus. E nunca tinha entendido por que os homens pensam com a cabeça e as mulheres com o coração.
Uma noite, semana passada, minha mulher e eu estávamos indo para a cama. Bom,começamos a ficar à vontade, fazer carinhos, e nesse momento, ela fala:
"Acho que agora não quero, só quero que você me abrace".
Eu falei: "O QUEEEEEE??????"
Ela falou: "Você não sabe se conectar com as minhas necessidades emocionais como mulher".
Comecei a pensar onde podia ter falhado.
No final, assumi que naquela noite não ia rolar nada, virei e dormi.
No dia seguinte fomos a um grande hipermercado, com muitas lojas dentro dele.
Dei uma volta enquanto ela experimentava três modelitos caríssimos. Como não podia decidir por um ou outro, falei para comprar os três.
Então ela me falou que precisava de uns sapatos que combinassem, a R$ 200,00 cada par. Respondi que tudo bem. Depois fomos à seção de joalheria, de onde saiu com uns brincos de diamantes. Estava tão emocionada!
Deveria estar pensando que fiquei louco, agora penso que estava me testando quando pediu também uma raquete de tênis, porque nem tênis ela joga.
Acredito que acabei com seus esquemas e paradigmas quando falei que sim.
Ela estava quase excitada sexualmente depois de tudo isso; Vocês tinham que ver a carinha dela, toda feliz!
Quando ela falou: "Vamos passar no caixa para pagar" , tive dificuldade para me
segurar ao falar com ela:
"Não, meu bem, acho que agora não quero comprar tudo isso".
Ela ficou pálida. Ainda falei:
"Só quero que você me abrace".
No momento em que começou a ficar com cara de querer me matar, falei:
"Você não sabe se conectar com as minhas necessidades financeiras como homem.."
Acredito que o sexo acabou para mim até o natal de 2008...


Imagem: Óleo sobre tela (85 x 75 cm) de Louis Jean François Lagrenée
onde esta exposto, Marte e Vénus, Alegoria da Paz da Colecção J. Paul Getty.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

tReCho ... 'As Paixões da Alma'



O Verdadeiro e o Falso Ciúme ... O ciúme é uma espécie de temor, que se relaciona com o desejo de conservarmos a posse de algum bem; e não provém tanto da força das razões que levam a julgar que podemos perdê-lo, como da grande estima que temos por ele, a qual nos leva a examinar até os menores motivos de suspeita e a tomá-los por razões muito dignas de consideração.
E como devemos empenhar-nos mais em conservar os bens que são muito grandes do que os que são menores, em algumas ocasiões essa paixão pode ser justa e honesta. Assim, por exemplo, um chefe de exército que defende uma praça de grande importãncia tem o direito de ser zeloso dela, isto é, de suspeitar de todos os meios pelos quais ela poderia ser assaltada de surpresa; e uma mulher honesta não é censurada por ser zelosa de sua honra, isto é, por não apenas abster-se de agir mal como também evitar até os menores motivos de maledicência.

Mas zombamos de um avarento quando ele é ciumento do seu tesouro, isto é, quando o devora com os olhos e nunca quer afastar-se dele, com medo que ele lhe seja furtado; pois o dinheiro não vale o trabalho de ser guardado com tanto cuidado. E desprezamos um homem que é ciumento de sua mulher, pois isso é uma prova de que não a ama da maneira certa e tem má opinião de si ou dela. Digo que ele não a ama da maneira certa porque se lhe tivesse um amor verdadeiro não teria a menor inclinação para desconfiar dela. Mas não é à mulher propriamente que ama: é somente ao bem que ele imagina consistir em ser o único a ter a posse dela; e não temeria perder esse bem se não julgasse que é indigno dele, ou então que a sua mulher é infiel. De resto, essa paixão refere-se apenas às suspeitas e às desconfianças; pois tentar evitar algum mal quando se tem motivo justo para temê-lo não é propriamente ter ciúmes.

René Descartes

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Nirvana



"No silencio das madrugadas, em que minha insonia ataca sem dar trégua, reflito sobre os acontecimentos do dia, lembro de meus amores, lamento as guerras, imagino a paz, e de tanto deseja-la, vou fundo em minha imaginação. Penso como seria o mundo com ela, e, sem ao menos perceber, estou dormindo."

Laion Castro

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Eternidade


Voce tem todo o tempo do mundo
Mesmo que nao queria
Mesmo que nao saiba

Voce tem todo o tempo do mundo
Mesmo que perca
Mesmo que gaste

Voce tem todo o tempo do mundo
Mesmo que voce mate

Wagner Mangueira

domingo, 18 de janeiro de 2009

Lição


Amar foi o que eu fiz
o que eu sabia
o que resiste em mim
que me anuncia
Talvez agora saiba a sábia via:
Desamar também ensina a vida
a lição que eu sempre quis:
entre vida e morte
ser feliz

Hamilton Faria

Revolução da Alma


Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue sua alegria, sua paz sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém. Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja. A razão da sua vida é você mesmo. A tua paz interior é a tua meta de vida. Quando sentires um vazio na alma, quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, remete teu pensamento para os teus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe em você. Pare de colocar sua felicidade cada dia mais distante de você. Não coloque o objetivo longe demais de suas mãos: abrace os que estão ao seu alcance hoje. Se andas desesperado por problemas financeiros, amorosos, ou de relacionamentos familiares, busca em teu interior a resposta para acalmar-te, você é reflexo do que pensas diariamente. Pare de pensar mal de você mesmo(a), e seja seu melhor amigo(a) sempre. Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar. Então abra um sorriso para aprovar o mundo que te quer oferecer o melhor. Com um sorriso no rosto as pessoas terão as melhores impressões de você, e você estará afirmando para você mesmo que está "pronto“ para ser feliz. Trabalhe, trabalhe muito a seu favor. Pare de esperar a felicidade sem esforços. Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda. Critique menos, trabalhe mais. E não se esqueça nunca de agradecer. Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento (...) Nossa compreensão do universo ainda é muito pequena para julgar o que quer que seja na nossa vida. A grandeza (da vida)não consiste em receber honras, mas em merecê-las.

Aristóteles, filósofo grego, escreveu este texto "Revolução da Alma“ no ano 360 a.C.

sábado, 17 de janeiro de 2009


Queremos livros
que nos afetem
como um desastre.
Um livro deve
ser como uma
picareta
diante de um
mar congelado
dentro de nos.

Franz Kafka

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Saudade...


Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,
vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

presente


Cansei...
De ser um bobo alegre
um peixe fora do aquário
um presente vindo de Nova York
um remédio controlado por especialistas

Cansei...
De ser uma sombra
que ninguém decifra atrás da árvore

Cansei de dar, trocar e receber porrada
ser sapo, ser príncipe, ser fada
e no fundo nunca da em nada

Quero chutar o balde e fazer gol
eu mereço um placar de seis a zero
quero que da China ouçam meu berro
sou feliz porque erro
Celso Esteves Junior

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Caras Novas


O Rio é a capital mundial da operação plástica. Não param de chegar estrangeiros para ver, não o pão de açúcar;mas, o Pitangui. Quem não consegue reserva com o Pitangui recorre a outros restauradores brasileiros, com menos nome mas igualmente competentes (é o que dizem, eu não sei. Na única vez que eu consultei um cirurgião plástico ele foi radical: sugeriu outra cabeça. E aquela história do cara que era tão feio que foi desenganado pelo cirugia plástico?). Os responsaveis pelo turismo no Rio podiam montar um balcão no aeroporto - reserva de cirurgião - para receber os visitantes que chegam tapando o rosto e pedindo informações.
-Que tipo de operação o senhor deseja?
-Papada. Quero um bom homem de papada.
O cirurgião plastico, injustamente chamado de gigolô da vaidade, desempenha uma função social muito importante. Os eventuais exageros não são culpa sua. São os clientes que insistem.
-Minha senhora, é impossivel esticar a sua pele ainda mais. Já lhe operei 17 vezes. não tenho mais o que puxar.
-Desta vez só quero que você tire esta covinha do queixo.
-Isso não é covinha. É o seu umbigo.
Antigamente a cirugia plastica era um recurso extremo.
-Querida, que bobagem, operar o nariz. Eu gosto do seu nariz assim como está. Casei com seu nariz quenado casei com você.
-Acontece que eu não aguento mais o meu nariz. Não posso viver com ele mais nenhum minuto. Não quero mais ver esse nariz na minha frente.
-Mas uma operação plástica...
-Você tem que escolher, eu ele ou eu.
Hoje só falta das nas colunas sociais:
"Gigi Gavrache reuniu um grupo de amigos para a inauguração do seu novo queixo- o terceiro em dois anos -que recebei muitos elogios. "Voluntarioso", "sensivel", "um classico", foram alguns comentarios ouvidos durante a noite. "Não posso me queixar..." disse Gigi, com sua conhecida verve."
"Muito ocmentado o encontro casual de Dora Avante e Scaninha Vabis na pérgola do copa, sábado pela manhã. As duas estavam com o mesmo nariz. Domage..."
Imagino que no mundo da cirurgia plastica - que é uma forma de escultura com anestesia - devem exstir algumas mesmas instituições do mundo das artes, que também são plásticas. Como a fofoca.
-O que vc esta achando da nova fase dele?
-Muita influencia estrangeira. Só da perfil romano.
-Achei o queixo da Gigi bem solucionado.
-Mas, nada original. Eu estava fazendo queixos assim há cem anos. O romantismo está ultrapassado. Ele não evoluiu.
-Por sinal, não deixe de ir ao meu vernissage.
-Vernissage?
-Vou expor alguns traseiros. meu trabalho mais recente.
Mas tem um problema que me preocupa. Digamos que a americana rica se operou com o Pitangui. Esta contentissima com o resultado e prepara-se para embarcar no aviao de volta a Dallas. Ela tem que passar pelas autoridades no aeroporto.
-Seu passaporte, senhorita
-Senhorita não, senhora.
-Perdão.
-Obrigada.
-MAs... este passaporte não é seu.
-Como que não? Ai esta meu nome. Gertrude sou eu.
-Mas a fotografia é do Ronald Reagam.
-Ridiculo.
-Está aqui. O Ronald Reageam de peruca.
-Essa sou eu.
-Impossivel senhorita. Vamos ter que confiscar este passaporte. Providencie outro com a sua fotografia.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Vida Gasta


Tenho gastado

tanto tempo

com tua vida

Que gastei

já quase toda a poesia

Que escrevi, escrevo, ou escreveria

Para tão somente dizer

que te amo

Tenho gastado de mim

tantos momentos

Na revolução dos meus sentidos

Do que restou de nossos lados

Que já vivi duas vidas

Uma própria

Outra magnetizada

com a tua

Tenho te dado tanto

De mim, o tempo,

o pensamento,

a procura

Tenho te esperado tanto

Que me pergunto

para que

este meu porto

Se és uma nau

tão indecisa

Por entre a alegria do achado

Percebo-me tolo

ou fiel demasiado

Que vejo-te distante, fria

Ainda que me engane

com esperanças

Vejo-te

dando-me quase nada

Letra alguma,

tempo algum

Sentimentos

em duvida,

vozes mudas

Que no êxtase

do mais apaixonado

Sinto ter gasto

toda uma vida

Tudo que te amei

foi para nada

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009



Se eu te amasse mais do que te amo agora
Não teria a certeza que tenho de que vivo
Eu vou te amar assim
Por essa vida afora
Guardando pra nós dois
A causa e o motivo

Se eu te amasse mais do que te amo agora
Eu sei que meu olhar não te diria tanto
Não te amei de repente
E nem escolhi a hora
Mas cuide deste amor
Mesmo que haja pranto

Às vezes, como hoje
Eu só te sorriria
Mas não importa muito
No amor não há demora
E se te amasse mais
Talvez eu erraria

Te dou o amor que tenho
Amor que ri
E que chora
Seria um tempo em vão
Eu sei que morreria
Se eu te amasse mais do que te amo agora

Martinha

domingo, 11 de janeiro de 2009



Ninguém pode construir em teu lugar
as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida
- ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números,
e pontes, e semideuses que se oferecerão
para levar-te além do rio;
mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o

sábado, 10 de janeiro de 2009

Oceanos sao feitos de gota d'agua


Para ser ouvido, fale.
Para ser compreendido,
exponha claramente as suas idéias sem jamais
abrir mão daquelas que julga fundamentais
apenas para que os outros o aceitem.

Acima de tudo,
busque o prazer antes do sucesso,
a auto-realização antes do dinheiro,
fazer bem feito antes de pensar em obter
qualquer recompensa.

Nenhum reconhecimento externo vai substituir
a alegria de poder ser você mesmo:
"status" é comprar coisas que você não quer
com o dinheiro que você não tem a fim de
mostrar para gente que você não gosta uma
pessoa que você não é.

Nada tem graça se não for bom para o seu corpo,
leve para o seu espírito e
agradável para o seu coração.

Para conseguir,
tente sem pensar que o êxito virá logo da primeira vez.
Cuide de ter saúde, energia,
paciência e determinação para continuar
tentando quantas vezes forem necessárias.


Mas ao perceber que já fez tudo o
que pôde ou até mesmo um pouco além,
mude de alvo para não se tornar
em vez de um vitorioso,
apenas mais um teimoso.

Para poder recomeçar sempre,
perdoe-se pelos fracassos e erros que cometer,
aprenda com eles e, à partir deles,
programe suas próximas ações.

Nunca se deixe iludir que será possível
fazer tudo num dia só ou quando
tiver todos os recursos:
tal dia nunca virá.

Para manter-se motivado, sonhe.
Para realizar, planeje,
pensando grande e fazendo pequeno,
um pouco a cada dia e todos os dias um pouco,
porque são pequenas gotas d'água que fazem todo grande oceano ...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Despedida


Ciente de que,
nas folhas,
o melhor poema
esta sempre
na próxima pagina,
nela estando
a emoção ainda não narrada,
a palavra não antes combinada,
a comparação,
a imagem,
a espera de que possamos
encontra-las,
ciente disso insisto,
permanece comigo
(Para que eu escreva
nossa vida)
Enquanto a poesia mais linda,
fugidia se esgueira para longe


Ciente de que,
na vida,
o sentimento
nunca e finalizado,
sempre a construir-se
sobre as pedras
ou flores,
o que lhe dermos,
mas que o amor maior
paira intocado,
a fusão irretratravel
permanece virgem,
ciente disso insisto,
permanece comigo
(Para que eu viva
nossas poesias)
Enquanto o amor mais lindo,
fugidio, nos espera no infinito

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Acredite se Quiser


Sempre num lugar por onde passavam muitas pessoas,
um mendigo sentava-se na calçada e ao lado
colocava uma placa com os dizeres:

" Vejam como sou feliz!
Sou um homem próspero, sei que sou bonito,
sou muito importante, tenho uma bela residência,
vivo confortavelmente, sou um sucesso,
sou saudável e bem humorado "

Alguns passantes o olhavam intrigados, outros o achavam
doido e outros até davam-lhe dinheiro.
Todos os dias, antes de dormir, ele contava o dinheiro e notava
que a cada dia a quantia era maior.

Numa bela manhã, um importante e arrojado executivo,
que já o observava há algum tempo, aproximou-se e lhe disse:

" Você é muito criativo!
Não gostaria de colaborar numa campanha da empresa? "

" Vamos lá. Só tenho a ganhar! ", respondeu o mendigo.

Após um caprichado banho e com roupas novas,
foi levado para a empresa.

Daí para frente sua vida foi uma sequência de sucessos e
a certo tempo ele tornou-se um dos sócios majoritários.

Numa entrevista coletiva à imprensa,
ele esclareceu de como conseguira sair da
mendicância para tão alta posição.

Contou ele:
- Bem, houve época em que eu costumava me sentar nas
calçadas com uma placa ao lado, que dizia:

" Sou um nada neste mundo!
Ninguém me ajuda! Não tenho onde morar!
Sou um homem fracassado e maltratado pela vida!
Não consigo um mísero emprego que me
renda alguns trocados ! Mal consigo sobreviver! "

As coisas iam de mal a pior quando, certa noite,
achei um livro e nele atentei para um trecho que dizia:

" Tudo que você fala a seu respeito vai se reforçando.
Por pior que esteja a sua vida, diga que tudo vai bem.
Por mais que você não goste de sua aparência, afirme-se bonito.
Por mais pobre que seja você , diga a si mesmo
e aos outros que você é próspero. "

Aquilo me tocou profundamente e, como nada tinha a perder,
decidi trocar os dizeres da placa para:

" Vejam como sou feliz!
Sou um homem próspero, sei que sou bonito,
sou muito importante, tenho uma bela residência,
vivo confortavelmente, sou um sucesso,
sou saudável e bem humorado."

E a partir desse dia tudo começou a mudar,
a vida me trouxe a pessoa certa para tudo que eu precisava,
até que cheguei onde estou hoje.
Tive apenas que entender o Poder das Palavras.
O Universo sempre apoiará tudo o que dissermos,
escrevermos ou pensarmos a nosso respeito e isso acabará
se manifestando em nossa vida como realidade.
Enquanto afirmarmos que tudo vai mal,
que nossa aparência é horrível, que nossos bens materias
são ínfimos, a tendência é que as coisas fiquem piores ainda,
pois o Universo as reforçará.
Ele materializa em nossa vida todas as nossas crenças.

Uma repórter, ironicamente, questionou:
- O senhor está querendo dizer que
algumas palavras escritas numa simples placa
modificaram a sua vida?

Respondeu o homem, cheio de bom humor:
" Claro que não, minha ingênua amiga!
Primeiro eu tive que acreditar nelas! "

Humancat, In Sorte e pra quem quer .

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cântico da Esperança


Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los.

Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas que saiba dominá-las
no meu coração.

Não procure eu amigos
no campo da batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.

Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade.

Não seja eu tão cobarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia
no meu triunfo,
mas apertar a tua mão
no meu fracasso!

In "O Coração da Primavera" tradução de Manuel Simões

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sonhando-me em teu Olhar



Debruça-se o teu olhar
Acalentando saudades
Nesta noite em que te abraças
Ao reflexo da tua solidão
Abriga-te a incerteza
De poder ver-te em meus olhos
Voltas-te ao céu repetidas vezes
Passos dispersados ao vento
Mãos descrentes e súplices
Supondo-me ausente

Pairas entre lembranças
Enquanto todas as estrelas
Despem-te da penumbra do teu rosto
Talvez busques a razão nítida de tudo
Quando me abres a porta do sonho
E todos os teus gestos confessam
A tua espera e este amor
Que me pronunciam em teu corpo
Reclamando-te a minha posse


À tua volta, o mar azul bramindo
Sobre as vagas, o teu pensamento
E a aparente recusa do meu tempo
Que pensas não te pertencer
Não há longe, onde me imaginas
Se é em teu peito que repouso
É nele onde me deito
Lânguida e esquecida de mim
É teu coração que alicia meus silêncios
Deixando pulsar em ti
A caligrafia dos meus segredos e sonhos

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Céu e o Ninho


És ao mesmo tempo o céu e o ninho.
Meu belo amigo, aqui no ninho,
o teu amor prende a alma
com mil cores,
cores e músicas.

Chega a manhã,
trazendo na mão a cesta de oiro,
com a grinalda da formosura,
para coroar a terra em silêncio!

Chega a noite pelas veredas não andadas
dos prados solitários,
já abandonados pelos rebanhos!
Traz, na sua bilha de oiro,
a fresca bebida da paz,
recolhida
no mar ocidental do descanso.

Mas onde o céu infinito se abre,
para que a alma possa voar,
reina a branca claridade imaculada.
Ali não há dia nem noite,
nem forma, nem cor,
nem sequer nunca, nunca,
uma palavra!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Poema Proibido


Você tem o tamanho certo,
Toda você, todo seu corpo perfeito
Como tudo que é feito até o fim,
Tudo que é terminado, acabado,
Completo, incomparável

Tua altura é exata,
ajustada a nossos braços,
beijos apaixonados e posições,
para que nossos corpos
sempre se encaixem,
como se combinados antes
de nascermos

Tua pele sempre tem a cor certa,
branquinha, queimada, como flor,
e dela sempre a cor e o cheiro
e a textura e a ternura
que eu preciso encostar,
pois tua pele é perfeita

Teus seios têm o tamanho
excitantemente perfeitos
para receber mãos,
carinho, boca, beijos, abraços
Tuas coxas são certas
na altura, na largura,
na profundidade, nos movimentos,
na caridade, que quase como
com a piedade das freiras,
tuas coxas saciam minha incastidade,
e tornam o olhar meu, o sexo,
o carinho, misto de paixão,
perdão e crueldade,
mas cruel mesmo é só tua distância,
ou tua indiferença, ou tua ausência

É cruel demais estar afastado
de tuas coxas
Tuas mãos decerto foram medidas
para tocar em mim tuas carícias,
certamente, desenhadas para meu prazer,
assim como teus braços e teus dedos
Dividem meu prazer e meus olhares
Ao certo teus ombros e teu tronco,
tal como os teus ossos
salientes, visíveis quando
te contorces, pois no teu peso
és magra, cheia,
e nos teus espaços tua carne
falta ou sobra com precisão
e irrepreensível perfeição

Esmerada foi a natureza
com teus lábios,
no seu desenho e na largura deles,
que faz perfeita inda mais
tua sensualidade,
e que faz teus beijos
jardim de delícias,
neles teus lábios,
língua, hálito, dentes,
tudo se conjuga no beijo
sem defeitos, no beijo completo,
total, acabado,
rematado com meu beijo

Teu sexo tem o tamanho apropriado,
no equilíbrio esperado
para que eu não te machuque
ou te machuque
o quanto queiras
(porque eu conheço teu corpo
e como tu o sentes)

Nua ou vestida
numa calça da Toulon,
dentro de um pijama,
de calcinha ou camisola,
ou calça de malha,
ou bermuda, com certeza,
de todos os modos,
ali também tu tens
o tamanho certo
São assim teus quadris,
tua cintura
Até teu mínimo culote
é do tamanho certo para mim

Teus olhos abertos
são todo esmero,
janelas de onde
- dentro de você -
sai o sol
A fúria ou a meiguice,
os teus olhares todos,
os que pedem briga,
sexo, carinho, comida
ou apenas dizem
que queres o que ofereci,
e isto é coisa
das mais divertidas,
ler os teus olhos,
janelas tuas
feitas em perfeita
e acabada medida

Todo teu corpo
foi feito com rigoroso estudo
do que eu mais queria,
de verdadeira foto
daquilo que eu desejava,
decerto só para me completar,
tudo para perfeito encaixe
e harmonia,
encanto, satisfação,
para eu achar perfeito,
para eu dizer
que é tudo exato,
para nós dois fazermos
de teu corpo perfeito,
no meu um corpo só,
um todo,
completo e acabado

Tudo em você tem o tamanho certo
Em você, amor,
tudo é exato
Aquilo que é além da conta,
querida, é meu amor por você.

Agradecimento: "Brigado" Ze! pelo e-mail contendo esse poema muito, muito lindo....

sábado, 3 de janeiro de 2009

A Idade de Ser Feliz


Existe somente uma idade
para a gente ser feliz,
somente uma época
na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar
e fazer planos
e ter energia bastante
para realiza-los
a despeito de todas as dificuldades
e obstáculos


Uma só idade
para a gente se encantar com a vida
e viver apaixonadamente
E desfrutar tudo
com toda intensidade
sem medo nem culpa
de sentir prazer


Fase dourada em que a gente
pode criar e recriar a vida
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito, nem pudor


Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo desafio
e mais um convite a luta
que a gente enfrenta
com toda disposição de tentar
algo novo, de novo, e de novo,
e quantas vezes for preciso


Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se presente
e tem a duração do instante que passa

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Tenho tanto sentimento


Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

No ano passado...


Já repararam como é bom dizer "o ano passado"?
É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem... Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:
"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados".
Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.
Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.