terça-feira, 12 de maio de 2009
A concha
A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
E telhadosa de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.
A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.
Por vezes atribuem este poema a Fernando Pessoa,mas ele pertece Vitorino Nemesio que é um poeta açoreano que nasceu em 1901 em Vila da Praia da Vitória, na Ilha Terceira, Açores, e morreu em Lisboa, a 20 de fevereiro de 1978. Ele "era um poeta, um pensador e até filósofo, um homem lúcido nas palavras, de postura descontraída e ao mesmo tempo com uma grande profundidade naquilo que comunicava, fosse simples ou complexo, sempre importante, sempre mágico e absolutamente fascinante".(RTP)
Imagem: 2009 photobucket inc.
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Vitorino Nemesio
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