sábado, 25 de outubro de 2008

Eu falo difícil!




Em 1949, Millôr Fernandes lançou o livro “Tempo e contratempo”, sob pseudônimo de Emannuel Vão Gôgo. Numa das crônicas deste livro, chamada “Provérbios prolixizados”, Millôr reescreveu de forma erudita dez ditados populares.
Achei muito legal a idéia de Millôr.
De unidade de cereal em unidade de cereal, a ave de crista carnuda e asas curtas e largas da família das galináceas abarrota a bolsa que existe nessa espécie por uma dilatação do esôfago e na qual os alimentos permanecem algum tempo antes de passarem à moela
De grão em grão, a galinha enche o papo.
A substância insípida, inodora e incolor que já se foi não é mais capaz de comunicar movimento ao engenho de triturar cereais
Águas passadas não movem moinhos
Gostei tanto disso que resolvi pesquisar no Google para ver se outros provérbios já tinham sido prolixizados. Encontrei apenas um:
Orifício circular corrugado, localizado na região inferior lombar de um cidadão em alto estado etílico, deixa de estar em consonância conforme os ditames vigentes na sociedade e conforme as leis de propriedade vigente.
Cu de bêbado não tem dono
Fiquei viciado em prolixização e resolvi pesquisar mais sobre o assunto, e encontrei, além de provérbios, algumas expressões prolixizadas.
Sequer considerar a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais.
Nem que a vaca tussa.
Retirar o filhote de eqüino da perturbação pluviométrica
Tirar o cavalinho da chuva
Me empolguei e resolvi ensaiar algumas prolixizações
A parte do corpo humano onde se aloja grande quantidade dos órgãos dos sentidos, além do cérebro e da boca, quando encontra-se em duas unidades, consegue raciocinar e elocubrar de forma superior do que quando encontra-se de forma unitária.
Duas cabeças pensam melhor do que uma
Quando um indivíduo não se manifesta a respeito de um determinado assunto, pressupõe-se que este indivíduo está de acordo com o referido assunto
Quem cala consente

Murilo Gun

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