sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

PERGUNTA



Deus, mais uma vez ao longo dos tempos
enviaste mensageiros
Para este impiedoso mundo:
Eles disseram, «Perdoa a todos», e disseram, «Ama o próximo -
Liberta o seu coração do mal.»
Eles são venerados e lembrados,
embora nestes obscuros dias
Os mandemos embora com insensíveis cumprimentos,
para fora das nossas casas.
E entretanto vejo dissimulados ódios
assassinando os desamparados sob a capa da noite;
E a Justiça a chorar silenciosamente, furtivamente,
o abuso do poder,
Sem esperança de redenção.
Vejo jovens a trabalhar freneticamente,
Aflitos, batendo com a cabeça na pedra, inutilmente.


Hoje a minha voz calou-se;
não tenho música na minha flauta;
A negra noite sem lua
Encarcerou o meu mundo, mergulhando-o num pesadelo.
E é por isso que, com lágrimas nos olhos, pergunto:
A esses que envenenaram o teu ar,
a esses que apagaram a tua luz,
Será que lhes perdoaste? Será que os amas?

(In Poesia, Tradução de José Agostinho Baptista,
Assírio & Alvim, Junho de 2004.)

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