sábado, 6 de setembro de 2008
SONETO À LUA
Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas e sem fim
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros?
Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?
Fugaz, com que direito tens-me presa
A alma que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:
E és tampouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética, indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!
Rio de Janeiro, 1938
in Novos Poemas
in Antologia Poética
in Livro de Sonetos
in Poesia completa e prosa: "A saudade do cotidiano"
Marcadores:
Vinícius de Moraes
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