quarta-feira, 12 de março de 2008
Recebido Numa Estranha Concha / On receiving a curious Shell
Terias tu, das minas de Golconda, a gema
Pura como uma gota de orvalho congelada na montanha?
Cintilante como o verde "diadema" do beija-flor,
Quando paira sob um raio de sol refletido pela fonte?
Terias a taça apropriada para o tinto vinho efervescente?
A taça perfeita, maciça, consistente e dourada?
E esplendidamente gravada com a divina história
De Armida, a bela; e Rinaldo, o audaz?
Terias um corcel de bastas crinas esvoaçantes?
Uma espada com que te defenderes dos inimigos ferozes?
Um trompete a ressoar lindas melodias?
Estando tu protegido pelo escudo do deus Britomartis?
O que é isto que cinge estes teus bravos ombros,
Estampado de adornos que rivalizam com as flores primaveris?
Seria um lenço que alguma elegante dama te ofertou ?
E tu te apressas tanto em devolvê-lo?
Ah! O gentil Sir Knight está te coroando
Com as mãos repletas de glórias que iluminam a tua juventude!
E eu te direi do meu contentamento infinito
Pelos mágicos poderes que, verdadeiramente, te abençoam.
Neste pergaminho está escrita, em caracteres dourados,
A lenda da grinalda e da corrente;
É a saga de um guerreiro que cuida do seu raro tesouro
Assim como eu liberto minha alma dos grilhões da dor.
Neste dossel está escrito: Isto é a obra de uma fada;
Sob sua rica proteção o Rei Oberon desfaleceu,
Quando a adorável Titania foi-se para bem distante,
Abandonando-o, cruelmente, para a dor e a agonia.
Ali, muitas vezes, ele alcançaria um pouco de trégua,
Mercê de heróico estoicismo e extasiado pelo canto dos rouxinóis;
Pois os prodigiosos espíritos celestiais estavam mudos;
Ali, lágrimas cristalinas confundiram-se, muitas vezes com o orvalho da manhã.
Sob este pálio pequenino, todas aquelas melodias estranhas,
Suaves, melancólicas e comoventes, soarão para sempre;
E jamais aquelas notas de ternura haverão de se modificar;
Nem nunca morrerá a música de Oberon.
Portanto, quando voluptuoso se encontra o meu espírito,
Reclino minha cabeça nas macias pétalas das rosas,
E escuto a lenda da grinalda e da corrente,
Até que desapareça o seu eco; então eu adormeço.
Adeus, valente Érico! Com tua cabeça coroada,
Por mãos repletas de glórias que iluminam a tua juventude,
Eu também me sinto infinitamente feliz
Pelos mágicos poderes que, verdadeiramente, te abençoam.
*************************************************************************
On receiving a curious Shell
HAST thou from the caves of Golconda, a gem
Pure as the ice-drop that froze on the mountain?
Bright as the humming-bird’s green diadem,
When it flutters in sun-beams that shine through a fountain?
Hast thou a goblet for dark sparkling wine?
That goblet right heavy, and massy, and gold?
And splendidly mark’d with the story divine
Of Armida the fair, and Rinaldo the bold?
Hast thou a steed with a mane richly flowing?
Hast thou a sword that thine enemy’s smart is?
Hast thou a trumpet rich melodies blowing?
And wear’st thou the shield of the fam’d Britomartis?
What is it that hangs from thy shoulder, so brave,
Embroidered with many a spring peering flower?
Is it a scarf that thy fair lady gave?
And hastest thou now to that fair lady’s bower?
Ah! courteous Sir Knight, with large joy thou art crown’d;
Full many the glories that brighten thy youth!
I will tell thee my blisses, which richly abound
In magical powers to bless, and to sooth.
On this scroll thou seest written in characters fair
A sun-beamy tale of a wreath, and a chain;
And, warrior, it nurtures the property rare
Of charming my mind from the trammels of pain.
This canopy mark: ’tis the work of a fay;
Beneath its rich shade did King Oberon languish,
When lovely Titania was far, far away,
And cruelly left him to sorrow, and anguish.
There, oft would he bring from his soft sighing lute
Wild strains to which, spell-bound, the nightingales listened;
The wondering spirits of heaven were mute,
And tears ’mong the dewdrops of morning oft glistened.
In this little dome, all those melodies strange,
Soft, plaintive, and melting, for ever will sigh;
Nor e’er will the notes from their tenderness change;
Nor e’er will the music of Oberon die.
So, when I am in a voluptuous vein,
I pillow my head on the sweets of the rose,
And list to the tale of the wreath, and the chain,
Till its echoes depart; then I sink to repose.
Adieu, valiant Eric! with joy thou art crown’d;
Full many the glories that brighten thy youth,
I too have my blisses, which richly abound
In magical powers, to bless and to sooth.
From the same Ladies.
Marcadores:
John Keats
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário