sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Carpe diem


Confias no incerto amanhã?
Entregas às sombras do acaso a resposta inadiável?
Aceitas que a diurna inquietação da alma substitua o riso claro de um corpo
que te exige o prazer?
Fogem-te, por entre os dedos, os instantes;
e nos lábios dessa que amaste morre um fim de frase, deixando a dúvida
definitiva.
Um nome inútil persegue a tua memória, para que o roubes ao sono dos sentidos.
Porém, nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias;
e abraças a própria figura do vazio.
Então, por que esperas para sair ao encontro da vida,
do sopro quente da primavera, das margens visíveis do humano?
"Não", dizes, "nada me obrigará à renúncia de mim próprio --- nem esse olhar
que me oferece o leito profundo da sua imagem!"
Louco, ignora que o destino, por vezes, se confunde com a brevidade do verso.

Nuno Júdice


Normalmente só percebemos as importâncias quando elas já não nos dizem respeito...

Sem comentários: